segunda-feira, 29 de abril de 2013

Tempos difíceis.....


Tema: Carência de Piedade
TEXTO BASE: Miquéias 7. 1-7
Vivemos numa época em que a corrupção, o egoísmo e a maldade estão, de tal modo, visíveis que se torna impossível não notarmos tais realidades. A miséria campeia nosso País, milhões de pessoas miseráveis sem sequer ter o que comer.  Pessoas mortas pela violência na cidade e na floresta.
E a Igreja, como fica diante de tudo isso? A Palavra de Deus não é omissa diante de toda essa problemática e o texto-base prova isso. Mas, então, por que evitamos falar sobre essas coisas? Antes de estudarmos o texto proposto, vamos a uma consideração importante.
I.                   ESPIRITUAL   X  CARNAL
Por culpa das inúmeras “teologias” surgidas nos últimos anos, criou-se uma dicotomia entre as coisas da terra e as do céu. Com isso, muitos crentes vivem como se nada esteja acontecendo, ou lhe afetando. O fato de sermos uma Igreja avivada, carismática, em que os dons se manifestam, não significa que devemos ser alienados da realidade de nosso País. É possível ser “espiritual” e se preocupar com a miséria, calamidades, opressão, etc.
II.                AUSÊNCIA DE PIEDADE, v 2.
A palavra piedade, no Antigo Testamento, geralmente apresenta o significado de compaixão, dó. O povo de Israel passava por uma séria crise moral, e a impiedade (ausência de misericórdia), estava se tornando regra na vida do povo. O texto expressa uma realidade triste na vida da nação escolhida como “povo de Deus”. Vejamos:
1.      “Pareceu da terra o homem piedoso...”
O profeta denuncia uma degradação moral a ponto de não haver pessoas piedosas no meio do seu povo.
2.      “não um que seja reto...”
O egoísmo era tão latente que não importava mais os meios para se atingir os objetivos de suas ganâncias. Isso nos lembra um pouco o “jeitinho” de um certo povo.
3.      “armam ciladas para sangue...”
Os métodos violentos eram usuais, a violência campeava na nação aos olhos impotentes das autoridades, ou até mesmo, com a cumplicidade das mesmas. A prática de resolver as questões “no braço” e no “grito” tornaram-se comuns.
4.      “caça cada um seu irmão com rede...”
Nem mesmo pessoas próximas, parentes e amigos, estavam livres do egoísmo das pessoas. O egocentrismo estava em níveis altíssimos, “cada um por si”; o interesse do próximo não valia nada. A lei de Deus dada a Moisés há muito já fora esquecida.
III.             CORRUPÇÃO MORAL
O povo de Israel atingira uma decadência tal que todos estavam envolvidos. Até mesmo aqueles a quem cabia julgar e zelar pela justiça haviam caído em práticas deploráveis. Vejamos:
1.      “O príncipe exige a peita...”
Traduzindo melhor a palavra peita, encontramos suborno, prática que não é uma peculiaridade dos dias atuais; infelizmente é uma praga antiga que tem levado ao inferno. A Bíblia de Jerusalém traduz assim o verso 3, “para fazer o mal as suas mãos são hábeis, o príncipe exige e o juiz julga por suborno...”. O suborno aparece nos mais diversos níveis, e em todos deve ser condenado. Alguns exemplos poderão nos abrir a mente e alertar para não cairmos nesse poço sem fundo:
·         Suborno em concursos vestibulares,
·         Suborno a guardas de trânsito para evitar multas (não importando se a multa é justa ou não),
·         Suborno a fiscais (trabalho, receita, ICMS, etc),
·         Suborno em repartições públicas para “apressar serviço”,
·         Suborno a compradores para efetuarem compras de determinada empresa, e
·         Suborno em licitações públicas (favorecimento e superfaturamento).
      A lista poderia ir mais longe; entretanto, creio que seja suficiente para nos alertar como a  corrupção não está apenas em Brasília, e sim pode estar bem próxima de nós.
IV.             DECADÊNCIA DE FAMÍLIA, v 6.
Se existe uma instituição criada por Deus e que está sendo achincalhada, atacada por todos os meios é a família. Sem famílias fortes não podem existir igrejas fortes. O profeta revela que uma das causas da queda de Israel foi que as famílias já haviam caído antes.
Guerra pais e filhos
A mídia, em toda sua expressão, tem procurado destruir os valores eternos, criados por Deus, e a discussão entre pais e filhos tem sido um de seus alvos. Uma falsa liberdade está sendo pregada, falsa porque não existe liberdade sem respeito e responsabilidade. Não podem haver bênçãos de Deus sem respeito e amor entre pais e filhos. A harmonia no lar deve ser buscada, a questão dos filhos deve ser tratada com responsabilidade. Não é nosso tema aqui, mas grande parte das crianças e adolescentes de rua é “produzida” em lares destroçados que não têm espaço para eles e os jogam na rua.
Diante de todo esse quadro com o qual se deparava o profeta, e que tem tudo a ver conosco hoje, como se fosse o jornal do dia, há esperança? Há solução?
V.                CONFIANÇA EM DEUS, v 7.
O profeta confia em Deus, só que essa confiança não faz dele um mero espectador que assiste tudo sem nada fazer. Sua fé é viva, aliás Tiago nos alerta sobre a fé teológica, ele é morta, Tg 2.26. A Bíblia de Jerusalém traduz assim o verso 7: “...mas eu olho confiante Iahweh (Deus) e espero no Deus meu Salvador, meu Deus me ouvirá”. O profeta é alguém que vai andando, lutando para transformar seu povo, para tirá-lo da miséria física e espiritual pela qual passaram, olhando e confiando em Deus. Esse também deve ser o nosso procedimento, não parados, conformados, alienados diante da estrutura de opressão, mas proclamando que o Reino chegou com justiça, amor e misericórdia.
Devemos ser conhecidos por essas características. Certamente as pessoas vão nos olhar e glorificar nosso Pai celeste, se assim agirmos.






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