Tema:
Carência de Piedade
TEXTO BASE:
Miquéias 7. 1-7
Vivemos numa
época em que a corrupção, o egoísmo e a maldade estão, de tal modo, visíveis
que se torna impossível não notarmos tais realidades. A miséria campeia nosso
País, milhões de pessoas miseráveis sem sequer ter o que comer. Pessoas mortas pela violência na cidade e na floresta.
E a Igreja, como
fica diante de tudo isso? A Palavra de Deus não é omissa diante de toda essa
problemática e o texto-base prova isso. Mas, então, por que evitamos falar
sobre essas coisas? Antes de estudarmos o texto proposto, vamos a uma
consideração importante.
I.
ESPIRITUAL X
CARNAL
Por culpa das
inúmeras “teologias” surgidas nos últimos anos, criou-se uma dicotomia entre as
coisas da terra e as do céu. Com isso, muitos crentes vivem como se nada esteja
acontecendo, ou lhe afetando. O fato de sermos uma Igreja avivada, carismática,
em que os dons se manifestam, não significa que devemos ser alienados da
realidade de nosso País. É possível ser “espiritual” e se preocupar com a miséria,
calamidades, opressão, etc.
II.
AUSÊNCIA DE
PIEDADE,
v 2.
A palavra
piedade, no Antigo Testamento, geralmente apresenta o significado de compaixão,
dó. O povo de Israel passava por uma séria crise moral, e a impiedade (ausência
de misericórdia), estava se tornando regra na vida do povo. O texto expressa
uma realidade triste na vida da nação escolhida como “povo de Deus”. Vejamos:
1.
“Pareceu
da terra o homem piedoso...”
O profeta
denuncia uma degradação moral a ponto de não haver pessoas piedosas no meio do seu
povo.
2.
“não
um que seja reto...”
O egoísmo era
tão latente que não importava mais os meios para se atingir os objetivos de
suas ganâncias. Isso nos lembra um pouco o “jeitinho” de um certo povo.
3.
“armam
ciladas para sangue...”
Os métodos
violentos eram usuais, a violência campeava na nação aos olhos impotentes das
autoridades, ou até mesmo, com a cumplicidade das mesmas. A prática de resolver
as questões “no braço” e no “grito” tornaram-se comuns.
4.
“caça
cada um seu irmão com rede...”
Nem mesmo
pessoas próximas, parentes e amigos, estavam livres do egoísmo das pessoas. O
egocentrismo estava em níveis altíssimos, “cada um por si”; o interesse do
próximo não valia nada. A lei de Deus dada a Moisés há muito já fora esquecida.
III.
CORRUPÇÃO MORAL
O povo de Israel
atingira uma decadência tal que todos estavam envolvidos. Até mesmo aqueles a
quem cabia julgar e zelar pela justiça haviam caído em práticas deploráveis.
Vejamos:
1.
“O
príncipe exige a peita...”
Traduzindo
melhor a palavra peita, encontramos suborno, prática que não é uma
peculiaridade dos dias atuais; infelizmente é uma praga antiga que tem levado
ao inferno. A Bíblia de Jerusalém traduz assim o verso 3, “para fazer o mal as
suas mãos são hábeis, o príncipe exige e o juiz julga por suborno...”. O
suborno aparece nos mais diversos níveis, e em todos deve ser condenado. Alguns
exemplos poderão nos abrir a mente e alertar para não cairmos nesse poço sem
fundo:
·
Suborno
em concursos vestibulares,
·
Suborno
a guardas de trânsito para evitar multas (não importando se a multa é justa ou
não),
·
Suborno
a fiscais (trabalho, receita, ICMS, etc),
·
Suborno
em repartições públicas para “apressar serviço”,
·
Suborno
a compradores para efetuarem compras de determinada empresa, e
·
Suborno
em licitações públicas (favorecimento e superfaturamento).
A lista poderia ir mais longe;
entretanto, creio que seja suficiente para nos alertar como a corrupção não está apenas em Brasília, e sim
pode estar bem próxima de nós.
IV.
DECADÊNCIA DE
FAMÍLIA,
v 6.
Se existe uma
instituição criada por Deus e que está sendo achincalhada, atacada por todos os
meios é a família. Sem famílias fortes não podem existir igrejas fortes. O
profeta revela que uma das causas da queda de Israel foi que as famílias já
haviam caído antes.
Guerra pais e
filhos
A mídia, em toda
sua expressão, tem procurado destruir os valores eternos, criados por Deus, e a
discussão entre pais e filhos tem sido um de seus alvos. Uma falsa liberdade
está sendo pregada, falsa porque não existe liberdade sem respeito e
responsabilidade. Não podem haver bênçãos de Deus sem respeito e amor entre
pais e filhos. A harmonia no lar deve ser buscada, a questão dos filhos deve
ser tratada com responsabilidade. Não é nosso tema aqui, mas grande parte das
crianças e adolescentes de rua é “produzida” em lares destroçados que não têm
espaço para eles e os jogam na rua.
Diante de todo
esse quadro com o qual se deparava o profeta, e que tem tudo a ver conosco
hoje, como se fosse o jornal do dia, há esperança? Há solução?
V.
CONFIANÇA EM
DEUS,
v 7.
O profeta confia
em Deus, só que essa confiança não faz dele um mero espectador que assiste tudo
sem nada fazer. Sua fé é viva, aliás Tiago nos alerta sobre a fé teológica, ele
é morta, Tg 2.26. A Bíblia de Jerusalém traduz assim o verso 7: “...mas eu olho
confiante Iahweh (Deus) e espero no Deus meu Salvador, meu Deus me ouvirá”. O
profeta é alguém que vai andando, lutando para transformar seu povo, para
tirá-lo da miséria física e espiritual pela qual passaram, olhando e confiando
em Deus. Esse também deve ser o nosso procedimento, não parados, conformados,
alienados diante da estrutura de opressão, mas proclamando que o Reino chegou
com justiça, amor e misericórdia.
Devemos ser
conhecidos por essas características. Certamente as pessoas vão nos olhar e
glorificar nosso Pai celeste, se assim agirmos.
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